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segunda-feira, março 12, 2007

Ser mãe em Portugal - continuação

Em 3 dias a minha vida virou-se de pernas para baixo. Fizemos contas e mais contas. A família e os verdadeiros amigos disponibilizaram-se a ajudar-nos no que fosse preciso (comida, dinheiro). Algumas pessoas que pensava serem minhas amigas afastaram-se e até hoje nada sei delas, outras revelaram ser mais do que alguma vez pensei. Como o P na altura trabalhava onde os meus sogros residem acabámos por fechar a nossa casinha e ir morar para casa deles pois assim não gastávamos em alimentação nem em combustível. Sentia-me miserável, logo quando me devia sentir a mais feliz das mulheres. O facto de estar em casa dos meus sogros não ajudava em nada. A minha sogra apesar de ser uma pessoa até prestável é daquelas que não perde uma oportunidade para estar sempre a bater na mesma tecla, a queixar-se e a lamuriar-se. A ajudar, o meu sogro que andava a tratar da pré-reforma e como tal andava em stress começou com problemas de arritmia cardíaca e até isso a minha sogra dizia ser por minha culpa (gosto muito dela mas já senti na pele que para nos continuarmos a entender tem que ser cada uma na sua casa e de preferência com uns km de distância). Tinha esperado tanto pelo passar dos 3 meses para poder começar a comprar coisinhas lindas para o meu bebé e agora não podia pois os tostões estavam contados. Não baixei os braços, resolvi que o não era certo mas se não fosse à procura não saberia se conseguia trabalho naquelas condições ou não. Estava precisamente a 6 meses do final da gravidez e poderia ser que houvesse alguém na disposição de fazer um contrato de 6 meses a uma mulher grávida mas disposta a trabalhar.
Pedi ao P para saber se precisavam de pessoas temporárias para as fábricas perto do trabalho dele. Eu queria trabalhar, fosse no que fosse.
No dia 23 de setembro o P disse-me que tinha um amigo que tinha montado uma empresa de prestação de serviços e que quando ele contou o que se passava ele se ofereceu para nos ajudar dando-me trabalho. Sem saber o que era aceitei e não me arrependo. Isso possibilitou que ao final de 1 mês regressássemos à nossa casa e consegui reaver alguma da minha estabilidade tão necessária ao meu estado. Durante 4 meses trabalhei num armazém ao lado de brasileiros e ucranianos a montar peças numa máquina que iriam depois para a Opel para outros montarem nos automóveis. Levantava-me às 6h00 para estar a sair de casa às 6h30 pois entrava às 7h00 da manhã. Passava o dia em pé em frente a uma máquina, tinha 30 minutos de almoço e saía às 15h30. Fiz amizades e aprendi a apreciar o espírito e as pessoas que emigram. O meu patrão (nosso amigo)assim que teve hipótese criou um pequeno escritório no armazém e passou-me para lá para eu organizar a papelada e assim poder passar os últimos meses de gravidez com mais comodidade.
Foram impecáveis comigo e provaram que nem todos agem da mesma maneira perante uma mulher grávida. Depois da A nascer tinha o meu lugar à minha espera quando terminasse a licença de parto. Infelizmente o P ficou desempregado entretanto, tinha a A 3 mesinhos, e acabámos por negociar com o meu patrão (nosso amigo) tendo ele ocupado o meu lugar e eu acabando por ter a oportunidade de passar mais uns meses com a minha princesa (meses que se transformaram em 2 anos).
Neste momento, a minha princesa está quase com 3 aninhos e eu há já quase um ano que voltei a trabalhar. Gostava de ter mais um filho, no entanto esse projecto vai ter que ficar em stand by até daqui a 1 ano e meio. Durante esse tempo quero estabilizar a minha vida e ganhar garantias onde estou a trabalhar. Neste momento as condições que tenho no papel são as que tenho na realidade e logo de futuro não correrei o risco de ser chantageada como fui só por ir ser mãe.
Se me perguntarem se passava por tudo outra vez a minha resposta será sempre SIM. Porque o meu maior tesouro, o meu maior bem é ela, a minha filha.

5 comentários:

Mocas disse...

A tua história é um exemplo. De coragem, determinação e optimismo. Gostei tanto de lê-la.

Um beijinho

Unknown disse...

Arrepiei-me desde que comecei a ler este texto e no fim tinha lágrimas nos olhos...porque sou MÃE e porque não sei o dia que pode vir amanhã para o meu lado queria pedir-te para enviares um e-mail com a tua morada (o meu contacto está no meu blog)porque eu quero oferecer um t-shirt á tua menina que deve ter a mesma idade que o Rodrigo...não quero que interpretes isto como sinal de pena,simplesmente tocou-me!
se aceitares a minha oferta diz qualquer coisa...
beijos da carla

AnaBond disse...

uau...
felizmente há gente com um coração enorme, mas principalmente com bom senso, pois uma mulher grávida não é uma mulher doente.
os meus enormes parabéns e espero que tenhas sorte para o resto do tempo.

aos teus amigos, um enorme bem haja... pena que não haja mais gente assim.

Natércia Charruadas disse...

És uma mulher admirável e tens uma família linda.
Bjs

carla disse...

Um beijo minha amiga, pela pessoa que és!!!