Lilypie 5th Birthday Ticker

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Continuando a recordar...

Eram 8h00 em ponto quando nos dirigimos à recepção central do Cuf Descobertas para tratarmos do internamento. Lembro-me de estar a tratar de toda a papel, olhar ao meu redor e pensar como era engraçada a situação de estar ali tão calmamente sentada como se estivesse a dar entrada para um hotel. A poucos metros de mim estava outra gravidissima e lembro-me de pensar se também ela estaria ali para conhecer o seu bebé. Mais tarde viemos a travar conhecimento, era a Teresa e nesse mesmo dia nasceu a sua Francisca. Nos nossos rostos evidenciava-se claramente a ansiedade e o nervosismo. Às 8h30 já com toda a papelada tratada subimos rumo ao 2º andar. Na mala levava uma surpresa que seria a primeira prenda da filha ao pai e na barriga levava a maior prenda que uma mulher pode dar a um homem, a sua filha.
Quando cheguei ao piso da maternidade, foi-me dito que ainda não tinha cama e que teria de esperar até à hora de almoço pois nessa altura sairiam as que tiveram altas. Passámos a manhã entre o espreitar o berçário e a conversa que ia fluindo na sala de espera com a Teresa e o marido (até às 10h, hora a que ela deu entrada para ter a Francisca) e a Sónia e o Pedro (papás da Maria que nasceu uma hora antes da A). De instante a instante o telemóvel do P lá ia tocando, com família e amigos que ligavam para dar-lhe os parabéns pelo seu aniversário e para saber se já havia alguma novidade. As horas iam passando, os nervos e a fome aumentando (quanto mais pensava que não podia comer nem beber mais fome tinha) e ela dentro da barriga parecia pressentir pois não parava quieta. A minha barriga era um rebuliço.
Chegada a hora de almoço fui chamada para falar com a enfermeira e deram-me finalmente um quarto. Deram-me roupa para vestir e disseram-me que caso ainda não tivesse feito os microlax, teria que os fazer entretanto. Disso já estava despachada, a tripa estava limpinha e num instante me vi deitada na cama ligada ao CTG. Vieram colocar-me o soro e o gel para a indução. Lembro-me de olhar para o P e pensar que a partir dali pouco faltaria para termos a nossa princesa nos braços. A indução foi feita por volta das 13h15 mas ainda se passariam algumas horas até que o nosso sonho se tornasse realidade, uma realidade palpável.
A Enf. Ana veio fazer-me um toque que me fez quase trepar pelas paredes (os homens são muito mais delicados). O CTG lá ia registando os batimentos cardíacos da A e algumas contracções que vinham. Assustou-me o facto de por mais do que uma vez o registo cardíaco dela ter caído dos 150 para os 100, mas como subia acabei por nunca chamar a enfermeira. O Dr. Francisco veio por 3 vezes ter comigo para ver como estava a desenrolar e fazer mais um toque. Por volta das 17h00 disse-me que só iríamos aguardar mais uma hora para ela nascer pois apercebeu-se que de cada vez que ela fazia força para descer alguma coisa a fazia voltar a subir e, sendo assim iríamos para a cesariana. Apesar de sempre ter desejado um parto normal, naquele momento o desejo de sentir a minha filha nos braços era mais forte e não seria por ela nascer de cesariana que eu iria ser menos mulher nem menos mãe pois afinal foi dentro de mim que ela foi gerada e fui eu que a carreguei dentro de mim durante 9 meses. O P infelizmente não poderia assistir ao parto pois na CUF Descobertas não deixam assistir a cesarianas por causa de alguns contratempos que já tiveram durante as mesmas. Aquela hora custou a passar tal era a nossa ansiedade, o P sempre ao meu lado a dar-me carinho e apoio.
De repente as enfermeiras entraram no quarto e disseram “Vamos, chegou o momento de ir conhecer a sua princesa.”, e nisto começaram a empurrar a cama na direcção da sala de partos. O P veio sempre atrás de nós e quando chegámos ao limite de até onde ele podia ir, lembro-me de ao atravessarmos a porta ouvir a enfermeira dizer “Oh, nem deixámos o pai dar um beijinho à mãe” e pensar que só esperava que tudo corresse bem e que ele tivesse oportunidade de me dar muitos beijinhos depois. O passar aquelas portas foi para mim como passar para uma outra dimensão. Uma dimensão que alegrou a minha vida.
Continua...

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